Sebenta do Superior
quarta-feira, junho 23, 2004
 
Propina máxima aprovada

O Senado Universitário aprovou mesmo a propina máxima para o próximo ano lectivo, numa atitude que repudio. Se a justiça agora se pronunciar a favor da validade deste acto, ter-se-á registado um dos episódios mais denunciáveis da mandato do reitor Seabra Santos.
 
Estudantes de Coimbra invadem a reitoria

A invasão da reitoria pelos estudantes da Universidade de Coimbra, para impedir contagem dos votos por correspondência, iniciativa do reitor Seabra Santos. A notícia na edição de hoje do jornal "Público".

«Estudantes da UC Invadiram Reitoria para Impedir Contagem dos Votos
Por ANA LUÍSA BARROSO
Quarta-feira, 23 de Junho de 2004

Cerca de três dezenas de estudantes da Universidade de Coimbra (UC) invadiram ontem a Sala das Congregações da Reitoria, com o intuito de impedir o escrutínio dos votos por correspondência relativos à proposta do valor das propinas para o próximo ano lectivo, apresentada pela reitoria. No entanto, a acção não impediu o escrutínio, entretanto transferido para outro local que não foi revelado aos alunos.

Os senadores que participaram nesta votação aprovaram a fixação do valor máximo legal. A decisão só será, contudo, válida depois de o Tribunal Administrativo (TA) se pronunciar quanto à legalidade da votação, uma vez que a Associação Académica de Coimbra (AAC) intentou uma providência cautelar com vista ao impedimento do voto por correspondência, o que foi acolhido pelo TA, que determinou a suspensão provisória da votação.

Ainda assim, a reitoria decidiu proceder à contagem dos votos recebidos que, mesmo não sendo da totalidade dos membros senadores, correspondem, de acordo com uma nota da UC, a um número "superior ao quorum do Senado", 37 ao todo. Destes, 35 foram a favor da proposta e dois considerados nulos.

Caso o TA se pronuncie favoravelmente à votação por correspondência, a aprovação do valor das propinas é imediatamente considerada válida. Caso o acto seja considerado inválido, a "reitoria respeitará, obviamente, as decisões do Tribunal", lê-se na mesma nota.

E foi precisamente a decisão do reitor, Seabra Santos, de proceder à contagem dos votos mesmo com a votaçãosuspensa pelo TA, que levou os estudantes a invadirem, perto das 10h00, a Sala das Congregações, onde foi colocada uma faixa onde se lia "Reitoria fora da Lei".

"Foi feito um escrutínio no qual podem estar a faltar os votos daqueles que não participaram por terem acatado a decisão" do TA, alertava, ao início da tarde, o presidente da AAC, Miguel Duarte, explicando que a ocupação daquela sala da reitoria serviu para os estudantes "marcarem uma posição" e exigirem o cumprimento do despacho do tribunal, que, "embora seja temporário, existe".

"Estamos quase a ser os polícias do tribunal", lamentava Miguel Duarte.

Por seu lado, a reitoria da UC, que defendeu, mais uma vez, a "coesão universitária e a gestão democrática e participada", considerou que os estudantes utilizaram métodos "ilegítimos, ilegais e anti-democráticos". Os estudantes só abandonaram a reitoria cerca das 19h30, hora a que acabou uma reunião de mais de uma hora entre estes e Seabra Santos.»
terça-feira, junho 22, 2004
 
Um reitor subjugado

Um dos episódios mais indignos de que me lembro na Universidade de Coimbra, aquele que se desenrolou durante a tarde de hoje envolvendo ainda a votação da propina máxima para o próximo ano lectivo e a actuação de um (mais uma vez desapontante Seabra Santos). Podem aprofundar o vosso conhecimento sobre o que sucedeu, na CABRA.NET. A mim já me faltam as palavras para definir um reitor que cada vez mais se subjuga aos interesses de um Governo e de uma política para o Ensino Superior que repudia no discurso interno mas que assume na sua postura exterior.
 
Ministra contra a criação de quotas

E novamente a proposta de criação de quotas para homens nas faculdade de Medicina a dar cartas. Maria da Graça Carvalho, ministra da Ciência e Ensino Superior manifesta-se contra a ideia lançada pelo presidente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Podem ler a rara claridade de ideia de Graça Carvalho neste edição do Diário Económico.

 
Senado convocado para votar propina máxima

Afinal confirmaram-se as suspeitas. Seabra Santos convocou mesmo o Senado para hoje de manhã, estando prevista a votação do valor máximo da propina para o próximo ano lectivo. Vários estudantes-senadores invadiram a Reitoria e esperam agora por novos desenvolvimentos. A CABRA.NET e a RUC estão a acompanhar a par e passo esta situação
 
Futuro da ciência é preocupante

o actual governo, liderado por Durão Barroso, optou por juntar o Ensino Superior e a Ciência num mesmo ministério. Previa-se um maior investimento na área da Ciência, mas verifica-se precisamente o contrário. As notícias sugerem que o programa "Ciência Viva", da responsabilidade do ex-ministro socialista Mariano Gago, foi abandonado pelo actual executivo. Uma atitude de grande irresponsabilidade política, uma vez que as áreas científicas parecem estar cada vez mais debilitadas. Em Coimbra, noticia o jornal "Público" de hoje, debateu-se esta questão...


«Preocupação pelo Futuro do Ciência Viva Debatida em Coimbra
Terça-feira, 22 de Junho de 2004

"Há actualmente, em Portugal, um divórcio grave entre escola e ciência", alertou, ontem o físico Carlos Fiolhais, no debate "Prioridade à Cultura Científica", que decorreu na Universidade de Coimbra e visou debater os meios de divulgação da ciência. Este foi o segundo debate de um ciclo organizado pelo Conselho dos Laboratórios Associados, com o alto patrocínio do Presidente da República.

A frase foi retirada por Fiolhais de um livro do director científico da Cité des Sciences-La Villette (Paris), Paul Caro, o principal orador do debate. Adaptada a Portugal, serviu para o físico lamentar o que considera ser um "estragulamento" do programa Ciência Viva, criado com o objectivo de divulgar a ciência nas escolas e considerado por Mariano Gago - ministro da Ciência e da Tecnologia à data em que o projecto foi criado, em 1996 - como "um dos projectos mais importantes de toda a Europa."

Esta preocupação foi, aliás, secundada por grande parte dos intervenientes, que se mostrou reticente quanto à diminuição da acção deste programa que, em cinco anos, levou ao envolvimento de cerca de 400 mil jovens do ensino básico e secundário. Segundo António Firmino da Costa, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, permitiu a descentralização da divulgação científica.

E apesar de ter havido quem, no período de debate, questionasse a existência de uma cultura apenas científica, todos concordaram com os meios de divulgação da ciência apontados por Paul Caro: "Em locais dedicados, como museus, em festas destinadas à ciência, através de visitas, de observação, da realização de debates públicos com a presença de investigadores e de acções escolares, como o Ciência Viva", apontou o director de La Villette.

"O Ciência Viva tem sido elogiado de tal forma que parece-me que estamos perante um defunto. Espero que não, porque as sementes estão lançadas", concluiu o físico Dias Urbano, um dos membros da assistência. Ana Luísa Barroso»
 
Criação de quotas em medicina muito contestada

A proposta de criação de quotas para mulheres nos cursos de Medicina continua a suscitar vivas discussões, como se pode verificar na edição de hoje do jornal "Público"...

«Fenprof Contra Criação de Quotas para Mulheres em Medicina
Terça-feira, 22 de Junho de 2004

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) é contra a criação de quotas para travar o predomínio feminino em Medicina. A proposta foi recentemente avançada pelo director do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, em declarações ao PÚBLICO.

Segundo a Fenprof, defender quotas para travar o predomínio feminino em Medicina seria voltar ao tempo em que, por razões "económicas e reaccionárias", as mulheres foram impedidas de dar o seu contributo.

A federação reage, em comunicado, às declarações do presidente do conselho directivo do ICBAS, que no início do mês defendeu que se o modelo de ingresso nos cursos de Medicina não for alterado "terão de ser criadas quotas para os homens nestas faculdades".

Uma posição que foi, embora com mais prudência, secundada pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Germano de Sousa, e pelo ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira.

A estrutura sindical dos professores contesta estas posições, considerando que a criação de quotas por género não é a solução. "Ao que parece, o crescente número de mulheres a entrar nas faculdades de Medicina está a causar apreensão entre alguns sectores da classe médica e das próprias instituições de ensino", refere a federação.

Em comunicado, a Fenprof pergunta ainda se os que agora estão preocupados com a predominância do género feminino manifestaram a mesma apreensão quando se passava o inverso. Na opinião da federação, o equilíbrio entre géneros é fundamental numa sociedade justa e desenvolvida e hoje a sociedade portuguesa está a reequilibrar-se.

"A democracia e o derrubar de barreiras, bem como a quebra de tabus e preconceitos, trouxeram ao mundo do trabalho remunerado milhares de mulheres que, entretanto, também acederam a todos os níveis de ensino e cursos e a quase todas as funções, praticamente em pé de igualdade com os homens", refere a federação.

Excluir agora as mulheres recorrendo a "subterfúgios como o das quotas ou o de requisitos de ingresso no cursos" seria, no entender da federação, "voltar ao tempo em que, por razões económicas e reaccionárias, milhares e milhares de mulheres ficaram impedidas de dar ao país e aos seus concidadãos o contributo do seu trabalho e do seu saber". Lusa »
 
Votação da propina para UC pode acontecer amanhã

Ainda não sei se é apenas um boato ou não, mas pelos vistos está constituída uma mesa de Senado para amanhã às dez da manhã em que vão ser contados os votos de quem chegou a votar por correspondência. Não sei qual é o enquadramento legal desta questão, mas acho que até se saber a decisão do tribunal, dando ou não razão às pretensões da AAC, esta pode ser uma situação fulcral. Imagine-se que o tribunal acaba por autorizar a votação por correspondência, neste caso é de contar com os votos favoráveis dos docentes à estipulação do valor máximo da propina para o próximo ano lectivo. A ver vamos.
sábado, junho 19, 2004
 
Os blogs também promovem bons debates

A discussão vai de vento em popa num dos blogs que habitualmente visitamos sobre o ensino superior, o Que Universidade?. Discute-se as universidades-empresa e o "Managerialismo", tema ainda pouco debatido e conhecido no nosso país, vale por isso a pena dar uma espreitadela até ao Que Universidade? para perceber melhor um fenómeno que não anda tão longe quanto alguns pensam.
sexta-feira, junho 18, 2004
 
As preocupações de Portugal devem passar para o exterior

Acabei de ver uma notícia sobre a acção de sensibilização que a Federação Nacional de Professores tem vindo a desenvolver desde o início do Campeonato da Europa de Futebol. Representantes têm aproveitado as fronteiras e as imediações dos estádios do Euro para informar quem nos visita da situação precária de vários milhares de professores portugueses. Na tal noticia, infelizmente, ainda havia quem apregoasse que tal medida devia ser deixada para uma altura em que estivéssemos só cá nós, os portugueses. Não vale a pena importunar quem nos visita, dizia-se. Mas as pessoas entrevistadas não deviam ser professores à espera de uma colocação indefinidamente, e que muitas vezes com os seus 30 e 40 anos ainda vivem uma frustrante indefinição laboral. Louvo e apoio em absoluto a acção da FENPROF e acho que o mesmo timbre deveria ter sido assumido pelas várias academias do país. A AAC, ao que sei vai proceder a uma acção de sensibilização similar num dos jogos do Euro a realizar na cidade de Coimbra.
E viva então o EURO 2004. É impressionante como 10 estádios e alguns "camones" servem de panaceia para todos os males de um país, que por acaso até é um dos que tem a mais alta taxa de iliteracia da Europa, onde a pobreza aumenta (fenómeno invulgar nos países da UE), a abstenção é cimeira entre os congéneres europeus, etc. Ou não será por acaso?